segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Escuridão





Escuridão

Nestas ruas
Empedradas de hipocrisia
Corre o vírus dos embustes
A contaminar o direito do saber

As letras, a, e, i, o, u                                                                                          
Amores plenos
Do primeiro trautear
No direito do aprender
Foram desconectadas
P’los vendilhões do engano

Nestas ruas
Impregnadas de interesses
Egoístas e salafráricos
Escorre a mediocridade
Dos protagonismos mediáticos
Becos sem saídas de futuro
Escuridão de vaidades balofas

Rua de Souto, 18 de Fevereiro de 2013
Tarquínio Vieira


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Estalam foguetes no ar


Estalam foguetes no ar


Cheio de chieira, lá vai o traquina
De chapéu de coco e pardeijinho
Aprumado no colarinho engomado
Da camisa lampeira das festas e romarias

Estalam foguetes, num labirinto de cores
Arco-íris de imensas alegrias e emoções
A deixar o rapazola de boca aberta
Feito cavalheiro, apreciador da arte mágica
Dos efeitos visuais, mistérios da pirotecnia

Nos altifalantes, vibra o vinho da clarinha
A espevitar um pé de dança atrevido
P’ra exibir a camisa bordada de fino linho
Às raparigas trigueiras das festas e romarias

Enérgico no seu ar de inocente cortês
Lá vai o mancebo todo emproado
Com o seu chapéu de coco acastanhado
Oferecer um doce açucarado de algodão
 Às namoradeiras donzelas das festas e romarias

Estalam os foguetes no ar a glorificar a febre de namoricos….

Rua do Souto, 12 de Fevereiro de 2013
Tarquínio Vieira









segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Rituais de Carnaval


Rituais de Carnaval 


Estes dias frios de carnaval
Decretados pelo equinócio das páscoas
Radiam em bailes de máscaras
Postulados breves de mandados
De reis e rainhas virtuais

Em época magra de folias
Feitos dias gordos de disfarces mascarados
Deleites dos prazeres da carne
Desfilam pelas ruas ventadas de Fevereiro
Os corsos de ricas fantasias
Em brincadeiras carnavalescas

Três dias a brincar às fantasias
Predicadoras do adeus à carne
Dietas dos rituais de Carnaval
Adoçadas em magras finuras do não levar a mal

Em época magra de folias
Desfilam pelas ruas ventadas de Fevereiro
Em brincadeiras carnavalescas
Os corsos de ricas fantasias
Mandados de reis e rainhas virtuais
Despidos de bastões e coroas reais

Em dias gordos de rituais de Carnaval...

Rua de Souto, 11 de Fevereiro de 2013
Tarquínio Vieira






domingo, 10 de fevereiro de 2013

Carta perdida



Carta perdida


Procurei a caneta dourada
De tinta permanente
No bolso da lapela do casaco
P’ra a caligrafia sair bonita
Na carta escrita em papel colorido

O aparo estava com verdete
A tinta não fluiu
A escrita borratou
A carta ficou por escrever


Rua do Souto, 10 de Fevereiro de 2013
Tarquínio Vieira

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Movimentos cinéfilos


Movimentos cinéfilos

Os momentos têm de tudo
Sorrisos, afagos, sapateados
Cavalgadas, peleias, romantismos
Iluminados nas camaras de telas animadas
Movimentos cinéfilos do cinematógrafo
Matinés de caramelos feitos ponto de rebuçado 
Enrolados nas bocas paparicadas

Nos camarotes das portas do Sol
Num abrir e fechar de cortinados
Tudo tem o seu momento
Cores repartidas de Sóis
Pincéis de aguarelas
Colares de corais
Cenários de luar purificados
Raios de esmalte dourados
Comédias de gestos arrulhados
Metáforas de calor do fim de película

Rua do Souto, 5 de Fevereiro de 2013
Tarquínio Vieira




sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A Pança do seu reino



A Pança do seu reino


Nesta selva neoliberal
Antro dos monstros
Do capitalismo canibal
Vociferam criaturas
De banqueiros petulantes e sem alma

Vociferam criaturas de mentes doentias
Nesta selva neoliberal
Impropérios desumanos
Em cruzadas de austeridade

No reino do capitalismo canibal
Púlpito dos banqueiros petulantes
Crescem as orações do indigno
Do tudo venha a nós
P’ro reino da pança da agiotagem

É o reino infestado de comportamentos
Malcriados e sem escrúpulos
Mentes doentias
Génese da soberba
Exótica dos avarentos e da rapina

Os banqueiros pervesos e sem alma
Mascarados de almas bondosas
Disfarçadas de cordeiros com pele de lobo
Enchem os cestos da pança do seu reino
Roubando o direito à felicidade
E explorando o viver dos povos
Únicos donos da natureza dos humanos

Rua do Souto, 1 de Fevereiro de 2013
Tarquínio Vieira