sábado, 27 de agosto de 2011

Assim se vão do País os cérebros jovens, essência do desenvolvimento e do progresso.

Assim se vão do País os cérebros jovens, essência do desenvolvimento e do progresso.

 Portugal: Jovens em fuga

MÁRIO QUEIROZ



Os novos emigrantes são na sua grande maioria jovens com graduação universitária ou técnico especializado a quem o seu próprio país não oferece espaço para o seu desenvolvimento pessoal. Muitos partem incentivados pelo optimismo que se vive no Brasil, para enfrentar a desilusão e o fatalismo que se respira em Portugal.

O grande investimento na educação feito por Portugal nas últimas duas décadas está indo  parar a saco roto. Ou vai parar no Brasil e, em menor escala, a outras antigas posições Portuguesas na África e na Ásia.

Para os menos qualificados, especialmente os pequenos comerciantes, motoristas de caminhão, operadores de máquinas para construção, pedreiros e electricistas, El Dourado é Angola, onde o dinheiro do petróleo e diamantes desatou em um dos maiores crescimentos económicos do mundo.

Macau é um outro destino que está começando a emergir como uma preferência para as vítimas da crise.  Ao abrigo de um acordo que durou cinco séculos, este enclave era "território chinês sob administração Portuguesa" até Dezembro de 1999, quando finalmente passou a plena jurisdição de Pequim.

Além do seu próprio desenvolvimento e da presença de diversas empresas Lusas, Macau é uma porta de entrada para a China aos investidores e comerciantes Portugueses.

Mas é no Brasil, onde a identidade cultural, mais os faz sentir em casa. "É sair de Portugal, mas não como ir para o estrangeiro", disse à IPS Ascenção Mafalda, uma pós-graduada da Faculdade de Letras de Lisboa que planeia emigrar.

Também os contactos com a forte comunidade lusa residente no Brasil fazem com que os jovens fujam da recessão, que deprimiu o crescimento económico em Portugal, vêem-lo como um norte promissor que fala a mesma língua.

A vantagem é emigrar para um país que é a oitava economia mundial, 94 vezes maior que Portugal, com uma população 18 vezes maior. Um mundo a ganhar e nada a perder, como no seu país estagnado, onde eles não têm emprego ou benefícios.

Uma grande vantagem em comparação com a Grécia, um país de tamanho similar e problemas de resgate económico e financeiro ainda maior do que Portugal, mas não tem um mundo que fala a sua língua, para onde emigrar.

Outros países da União Europeia, até agora uma alternativa, deixaram de o ser devido às suas  finanças sinuosas e a uma economia que está metendo água pelos quatro constados.

Em sua grande maioria, relata um relatório recente do jornal Público, de Lisboa, são pessoas que irão utilizar os três meses que o Brasil permite permanecer sem vistos a estrangeiros e, em seguida, começar a trabalhar indocumentados, porque o processo de obtenção de residência são extremamente complicados.

Embora existam diferenças, os Portugueses tem grande facilidade para imitar o sotaque brasileiro, ao qual se acostumaram a partir do bombardeio de telenovelas nos últimos 35 anos, enquanto que  para o Brasileiro é impossível imitar o português de Portugal.

Este factor é de grande importância no período em que se encontram em situação irregular ante as autoridades. Os portugueses passam despercebidos no meio de uma população que não os considera estranhos

O investigador Pedro Góis, da Universidade de Coimbra, explica que os portugueses no Brasil "não são estrangeiros, mas uma espécie de terceira categoria: existem os nacionais,os estrangeiros e o português."

Os portugueses que chegaram ao Brasil nos últimos cinco anos diferem das grandes vagas das décadas de 50 e 60, quando “o perfil tradicional do migrante, em geral, era de uma pessoa do povo” sustem o académico brasileiro José Sacchtta Mendes, autor do livro Laços de Sangue (editora Fronteira do Caos, 2010).

Na sua obra sobre os imigrantes Portugueses no Brasil afirma que "entre os qualificados, existem dois tipos perfeitamente detectados; os engenheiros civis ou electrónicos e os recentemente diplomados a nível de pós-graduado e doutorado, que irão desenvolver a sua carreira académica no Brasil, onde o ensino superior teve um boom enorme. "

Existe “uma necessidade de médicos que o Brasil não está produzindo a um ritmo desejável e um diploma europeu ainda é muito valorizado”, afirma Góis por outro lado, sublinhando que “na verdade, estamos exportando mão-de-obra mais qualificada do que as emigrações anteriores, porque a população portuguesa é agora mais formada”. ". (Fragmentos tomados de IPS)

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CANTAR DA EMIGRAÇÃO



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