Banif – um novo BPN
Sábado 5 de Janeiro de 2013
1 -A comunicação social tem vindo a divulgar nos
últimos dias, que o governo terá decidido realizar uma operação financeira,
recorrendo a capitais públicos, de recapitalização do Banif num valor superior
a 1100 milhões de euros. A ser assim, confirma-se o que o PCP há muito tem dito
sobre a verdadeira natureza da crise económica e social em que o País está
mergulhado e quem dela se serve.
Aos trabalhadores, aos reformados e pensionistas, aos
pequenos e médios empresários, ao povo português em geral, o governo impõe
sacrifícios, reduz-lhes os rendimentos através do roubo dos salários e do
aumento brutal dos impostos, aos banqueiros mantém-lhes os benefícios fiscais e
recapitaliza-lhes as empresas com dinheiros públicos. Ao contrário da história
do herói mítico, este Robin Wood dos novos tempos (governo PSD/CDS-PP), rouba
aos pobres para dar aos ricos.
2 -De acordo com o que tem sido divulgado, a operação
financeira de 1 100 milhões de euros inclui a compra de acções do Banco,
ficando o Estado português detentor da quase totalidade do Banco e um
empréstimo no valor de 400 milhões de euros (só esta parte vence juros). Vale a
pena lembrar que estando este Banco cotado em Bolsa o seu valor bolsista é hoje
de apenas 83 milhões de euros, mas o Estado decide injectar 13,3 vezes esse
valor.
Tal como aconteceu com o BPN, o governo prepara uma
«nacionalização» temporária cujo objectivo é, mais uma vez, resolver os
problemas do banco e depois entregá-lo limpinho para que os seus accionistas
continuem a sacar os seus lucros. Vamos certamente assistir a um processo de
transferência dos prejuízos de uma entidade privada para as contas do Estado,
prejuízos acumulados nestes dois últimos anos em resultado de uma gestão
irresponsável e determinada pelos ganhos da especulação financeira.
Esta é uma falsa nacionalização em que o alto risco
será coberto pelo dinheiro dos contribuintes. O banco não só não tem activos
suficientes como dificilmente vai gerar proveitos aceitáveis para devolver o
dinheiro ao Estado. Acresce que o Estado fica em posição maioritária mas só
pode nomear um administrador não executivo. E um membro para o conselho fiscal.
Uma vergonha!
Este é o mesmo banco que já depois de ter encerrado 17
balcões em 2011 e despedido mais de 120 trabalhadores, anunciou o encerramento
de mais 50 balcões com o despedimento de mais 160 trabalhadores. Ou seja,
também no Banif, tal como está a acontecer no BCP e no BPI, o Estado financia
com dinheiros públicos (a concretizar-se esta operação serão mais de 7 mil
milhões de euros nestes três bancos) processos de reestruturação que incluem o
despedimento de milhares de trabalhadores, ao mesmo tempo que reduz para 12
dias de salário por ano de trabalho, a indemnização por despedimento, aos
trabalhadores por conta de outrem.
3 – A solução para os problemas do sector financeiro
em Portugal não passa por injectar dinheiros públicos em empresas cuja
existência e gestão são determinadas pelo lucro fácil e especulativo, e muito
menos através de falsas nacionalizações que apenas garantem a transferência dos
prejuízos dessas empresas para a órbita do Orçamento do Estado.
Como o PCP há muito vem defendendo, a recuperação do
comando político e democrático do processo de desenvolvimento, com a
subordinação do poder económico ao poder político democrático, coloca na ordem
do dia a necessidade de um sector público forte e dinâmico, especialmente em
sectores estratégicos da economia, como é o caso do sector financeiro, e
designadamente em relação à banca comercial.
De - NOTA DO
GABINETE DE IMPRENSA DO PCP
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