domingo, 1 de abril de 2012

A MÃE DO RIO, INDIGNADA E TRISTE

A MÃE DO RIO, INDIGNADA E  TRISTE
Encostada na soleira da porta estava aquela criatura a barafustar na sua lenga-lenga costumeira, está um nevoeiro cerrado que a minha vistinha não alcança nadinha! O que será aquela enorme barulheira lá ao fundo? Vem lá dos lados do rio!
Ainda bem que passas por aqui meu filhinho, diz-me o que aconteceu lá para as bandas do passeio? Olhe Quirininha, dizem que foi a mãe do rio que se assustou tanto com a malvadez que estão a fazer a todo aquele entorno da nossa monumental e histórica Ponte Medieval, que desatou aos gritos de dor, de angustia e de tristeza.


Isto cá para nós, meu filhinho, que ninguém nos ouve... há três verdades – a tua, a minha e a verdade! Agora a verdade é que andam por estas paragens umas cabeças “acabeçadas de modernidade”, que de verdade, só existe uma verdade para os definir, são os destruidores de tudo quanto é belo e do património paisagístico e monumental daquele inconfudivel lugar pertença de todos os nossos antepassados, de todos os nossos presentes, e de todos os futuros vindouros.


Quirininha, estas cabeças “acabeçadas de modernidade” não sabem sentir pensando, são os cultivadores da cultura do desvinculo com a identidade, com o património , com a conservação e restauração dos espaços históricos da nossa terra que é pertença de todos os seus pobladores. 







A verdadeira modernidade comporta sem qualquer tipo de conservadorismo o saber restaurar e restituir aos espaços o seu ADN genuíno sem violentar a sua traça original, o seu ambiente e a sua função cultural, social e económica. Pode acontecer que  a mãe do rio, meu filhinho, de tão assustada e indignada  se revolte num dia de nevoeiro como este, e provoque uma tempestade para protestar contra as malfeitorias que estão a implantar no seu habitat natural.





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